domingo, 12 de setembro de 2010

Avaliando a educação!

Olá galera!
Segue abaixo um texto publicado no jornal "Folha de São Paulo".
Leiam com bastante atenção e depois comentem o que acharam do texto!

Nem rima nem solução
Por Rudá Ricci

A repetência e as aulas de reforço incorrem no mesmo erro: acreditam que, pela repetição, o aluno passa a se condicionar à resposta certa


O tema da promoção automática de alunos surge, mais uma vez, no debate entre candidatos ao governo de São Paulo. E se confunde com um conceito distinto, o de progressão continuada. A confusão, generalizada, envolve pais e até mesmo professores, e opõe os dois conceitos ao de repetência.
A repetência nasceu de uma concepção taylorista educacional, que se forjou na última década do século 19 nos EUA, formulada por Joseph Mayer Rice. Rice vinculou os objetivos da educação à formação para a indústria e definiu um ranking de conteúdos, tendo a matemática e a física como as principais, seguidas por biologia, química e comportamento social. Quem não atingisse um patamar ideal deveria repetir tudo o que estudou no ano anterior. O problema é que esta concepção tem muito de administração do trabalho, mas muito pouco de educação. Os seres humanos não saltam de patamar cognitivo a cada mês ou ano. O "calendário humano" é outro. Foi estudado por Jean Piaget e Henri Wallon, para citar alguns.
A repetência é um elemento do sistema de verificação do modelo taylorista de educação. Explico: a seriação define um patamar ideal que o aluno deve atingir, a partir do qual é criado um ranking de classificação. Aqueles que não atingem um determinado índice desse ranking devem repetir.
A repetência e as aulas de reforço incorrem no mesmo erro: acreditam que, pela repetição, o aluno passa a se condicionar à resposta certa. Contudo, num mundo em que uma novidade tecnológica ocorre a cada seis meses por segmento produtivo, essa crença na memorização como carro-chefe do processo educacional cai por terra. Repetir um aluno, portanto, é anacrônico e um equívoco educacional. A promoção automática também comete o mesmo erro. Interessante que o primeiro artigo sobre sistema de ciclos escrito por um brasileiro foi publicado na década de 1950, no Rio Grande do Sul, tendo como título "Promoção automática ou progressão continuada?".
Mais de meio século depois, continuamos não compreendendo a diferença entre as duas propostas. São Paulo apresenta ainda mais dificuldade, porque, em 1921, Oscar Thompson, diretor geral do ensino do Estado, propôs a promoção em massa. Sampaio Dória também sugeriu algo semelhante.
Em 1956, durante a Conferência Regional Latino-Americana sobre Educação Primária Gratuita e Obrigatória, promovida pela Unesco, foi amplamente discutido um estudo sobre reprovações e sugerido como solução a promoção automática. Contudo, o sistema de ciclos não propõe a promoção automática, mas a adoção de enturmações múltiplas para alunos que apresentarem dificuldades específicas. Digamos que, uma vez por semana, as escolas se dediquem a essas enturmações diferentes. Naquilo em que está bem, o aluno é promovido. No que apresenta dificuldades, continua em turma intermediária. Não se trata de repetência. O problema que envolve esse tema é que, mais uma vez, o Brasil tenta criar atalhos na educação. E não percebe que, por aí, banalizamos o caminho do desenvolvimento sustentável.

RUDÁ RICCI, 47, doutor em ciências sociais, é consultor educacional do SindUTE-MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) e do Sinesp (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo).

A idéia do autor de avaliar o aluno em intervalos menores, ao menos na teoria, parece interessante.
Faz sentido tentar trabalhar as dificuldades específicas do aluno e não deixá-lo seguir adiante com elas.
O mais interessante é o fato dele ressaltar que a repetência e as aulas de reforço são praticamente a mesma coisa e que isso não ajuda na aprendizagem do aluno. Isso faz sentido pois, em geral, o que ocorre é que as aulas de reforço são "cópias" das aulas regulares, que já não funcionaram para o aluno.
Para finalizar, do meu ponto de vista, o principal problema do texto foi o autor não ter apresentado uma proposta de solução concreta para os problemas da repetência. Como tratar desta questão tão problemática na educação básica?

5 comentários:

  1. Olá pessoal.... sobre esse assunto conheço pouco, mas mesmo assim vou expressar minha opinião. Bom, pelo que sei, a reprovação é um meio que se utiliza quando o aluno não atingiu os objetivos propostos no período ou no ano letivo, mas algo que nunca havia parado para refletir é sobre a questão de que quando o mesmo repete,a meteria lhe é mostrada da mesma forma novamente,então para ele ser aprovado ou decora os acertos ou simplesmente procura outros métodos de aprendizagem(o que é mais difícil para o aluno). E assim como uma bola de neve,que cresce quando rola neve a baixo,o problema só tende aumentar,e se o aluno decora respostas corretas terá dificuldades de passar na disciplina seguinte que depende de conhecimentos pré-estabelecidos.O que não pode acontecer é o aluno seguir em frente sem ter realmente aprendido. Vejo na promoção continuada algo interessante,no que o aluno está bem é promovido,do contrario continua em sala intermediária,mas pelo que conheço,a idéia é muito boa no papel,mas na prática,ela está pronta pra acontecer?E ainda continuo a refletir sobre a questão que o César colocou:Como tratar desta questão tão problemática na educação básica?

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  2. Olá companheiros. O texto de Rudá completa a entrevista concedida pelo ministro Fernando Haddad, sobre o resultado do IDED, quando afirma que a média do ensino médio avançou timidamente de 3,5 para 3,6, atribuindo este fato de que os alunos que estão nessa etapa, atualmente ingressou na escola quando a qualidade era pior. São justamente os alunos renanescentes do ciclo. Comprovando na prática que esta metodólogia não deu certo.Em Minas parece que algo está começando a mudar pois emplantou-se o PIP(Programa de Intervenção Pedagógica), cujo objetivo é avaliar diariamente o aluno, em suas dificuldades pricipalmente em português e matemática envolvendo todos os professores. Os resuldados já foram satisfatórios pois, no ensino fundamental a média está atigindo os objetivos.

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  3. Oiiiii pessoal tudo bem????Eu não acho legal ficar repitindo o aluno, o ideal seria tirar as dificuldades desse aluno para que ele entendesse a materia e não ficasse com duvida.Portanto não adianta nada ficar repetindo ele, pois ele estará com as mesmas duvidas e continuará sendo reprovado.

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  4. oi gente !! sobre este,texto acho que repetir não é certo e não funciona,porquê geralmente a pessoa que é reprovada se mantem na escola com o mesmo professor no mesmo jeito de ensino e só perde seu tempo,o ideal seria que houvesse algum jeito de incentivar a sua melhora ou que os professores "batam na mesma tecla" até que este aluno entenda.

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  5. Trabalhei dois anos como estagiária de Física em uma escola particular de Taubaté (tida com uma das mais conceituadas da cidade) e participei das aulas de reforço. Dessa experiência, sobre esse assunto, posso dizer o seguinte:
    - O problema de aprendizagem atinge alunos de todas as classes sociais. Não é um problema apenas da escola pública, pelo contrário.
    - As aulas de reforço que ministrei foram moldadas de modo diferenciado das aulas regulares, justamente para não repetir o mesmo método no qual o aluno não foi bem sucedido. Em aguns casos obtive alguns resultados positivos (comentários dos próprios alunos: "Nossa, entendi do seu jeito! Eu não entendo nada que o prof fala...") e outros não... Por isso é importante o docente sempre atualizar seus métodos, a fim de atingir o máximo de alunos!
    - Os alunos não eram encorajados a frequentar as aulas de reforço já que a escola só fornece uma recuperação final, no final de ano. De mais de 30 alunos da folha de chamadas, vinham cerca de 3. Na minha opinião, o fato de a nota baixa permanecer no boletim, não incentivava a participação dos alunos.
    - É preciso avaliação individual. Só assim o professor entende as dificuldades particulares dos alunos. As salas apertadas com 40, 50 alunos não funcionam.
    - Usei em uma aula particular recente, uma simulação de computador para ajudar um aluno na matéria de resistores e circuitos. Pelo que percebi, ele tem problemas com raciocínio lógico, mas tirou 9,0 na prova. Diz ele que para resolver os exercícios, acabou lembrando da simulação que tínhamos estudado juntos.
    Gente, a solução é inovar as metodologias de ensino, adequar a linguagem utilizada, e procurar conhecer os alunos individualmente. Claro que no papel é fácil falar que a solução é essa, fazer é outra coisa... Mas gente, temos que AGIR no que estiver ao nosso alcance. Acredito que com pequenas ações é possível irmos looonge... =)

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